Membro Carlos Alberto Oliveira Paiva

NATURALIDADE: Belém – Pará
TITULARIDADE:
Licenciado Pleno em Letras – Língua Portuguesa / UFPA – 2000
Especialista em Língua Portuguesa – Visão Discursiva / UFRJ – 2002
Especialista em Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa e Estrangeira / UNINTER – 2012
Licenciado Pleno em Letras – Língua Inglesa / UFPA – 2014
Mestre em Letras – Profletras / UFOPA/2017
Comenda recebida: Prêmio Vale Estudar – UFPA / Companhia Vale do Rio Doce – 2000
Obras Publicadas:
1 – Inspirações – Poesias / Carlos Paiva – Itaituba – PA, 2001
2 – Contando na Escola – Contos / Carlos Paiva(org.) – Itaituba – PA, 2002
3 – I Antologia Poética de Itaituba – Versos de Ouro – Poesias / Carlos Paiva (org.) – Itaituba – PA, 2004
4 – I Antologia de textos: ao encontro dos gêneros – Vários gêneros / Carlos Paiva (org.) Itaituba – PA,
2013
5 – II Antologia de textos: ao encontro dos gêneros – Vários gêneros / Carlos Paiva (org.) Itaituba – PA,
2015
6 – III Antologia de textos: ao encontro dos gêneros – Vários gêneros / Carlos Paiva (org.) Itaituba – PA.
2021
7 – Poesias Reunidas – Poesias / Carlos Paiva Itaituba – PA, 2021
Professor da Rede estadual:
Disciplinas: Língua Portuguesa / Literatura / Língua Inglesa
Escola Estadual de Ensino Médio Anchieta
Escola Estadual de Ensino Médio Benedito Correa de Souza
Professor da Rede Municipal:
Disciplina: Língua Portuguesa / Redação
Escola: A Mão Cooperadora
Fundador Clube Asas da Leitura: 04/05/2012
SÓCIO-FUNDADOR DA AIL
CADEIRA: 37
PATRONO: JOÃO CABRAL DE MELO NETO

BIOGRAFIA

Carlos Alberto Oliveira Paiva nasceu e cresceu na cidade das mangueiras – Belém do Pará (1968). Completou os estudos de 1.º e 2.º Graus no Núcleo Pedagógico Integrado (NPI), naquela cidade. Entre outras atividades, exerceu o cargo de vendedor em uma grande loja; trabalho de curta duração, mas que ofereceu muita experiência no trato com as palavras.

Chegou a Itaituba em fevereiro de 1990. Nesta cidade, iniciou a carreira no magistério, foi diretor de escola e professor de língua portuguesa, cargo que exerce até hoje. Foi secretário de interiorização do Centro Acadêmico de Letras (UFPa –Santarém), sócio e fundador da ASSUI (Associação dos Universitários de Itaituba), Coordenador do Núcleo Universitário de Itaituba e Projeto Gavião II. É graduado em Letras – Língua Portuguesa pela UFPA (1995-2000), tendo recebido o prêmio“Vale Estudar” da Companhia Vale do Rio Doce em parceria com a Universidade Federal do Pará; Graduado em Língua Inglesa também pela UFPA (2010-2014); Pós-Graduado em Língua Portuguesa – Visão Discursiva pela UFRJ (2001-2002); Pós graduado em Língua Portuguesa e estrangeira pela Uninter (2011-2012); Mestre em Letras pela Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA (2017).

Foi professor da FAI – Faculdade de Itaituba, nas disciplinas de Produção Textual e Comunicação e Expressão, nas turmas de Letras e Administração. Possui trabalhos publicados (“Inspirações” – 2001 – poesias, “Contando na escola” – v. 1 – 2002 – contos; “I Antologia Poética de Itaituba – Versos de Ouro” – 2004), que lhe proporcionaram uma vaga na Academia Itaitubense de Letras (AIL), ocupando a cadeira 37 cujo patrono é João Cabral de Melo Neto; I Antologia de textos: ao encontro dos gêneros (org.) (2013); II Antologia de textos: ao encontro dos gêneros (org,)(2015); III Antologia de Textos: ao encontro dos gêneros(2021); Poesias Reunidas(2021). Carlos Paiva, como é conhecido, começou a escrever despretensiosamente em 2001, motivado por escritores paraenses, mas considera-se mais um “promotor” de leitura, incentivando as pessoas a ler e a escrever, tanto é que em 2012 fundou o Clube Asas da Leitura, que já culminou com três publicações de seus participantes.

Atualmente, é professor lotado na Secretaria Municipal de Educação de Itaituba (SEMED) e na Secretaria de Estado de Educação (SEDUC). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Língua Portuguesa e Literatura.

RELATO DE EXPERIÊNCIA: Minha experiência com a Literatura

Carlos Alberto Oliveira Paiva (Carlos Paiva)

O poeta

O poeta é aquele
Que fala de si,
para si,
por si…

O poeta é aquele
que fala dos outros
para os outros
pelos outros…
(Carlos Paiva 2001 -Inspirações)

Minha experiência com a literatura começou muito cedo… lendo os gibis e bolsilivros do meu pai. Estava na tenra idade, mas não dispensava a leitura de um Tex ou de um Conan – o bárbaro. Daí evoluí para a leitura de pequenos romances, contos, leituras obrigatórias do vestibular, leituras acadêmicas e etc. Lia tudo. Era um devorador de leituras, mas pouco escrevia. Dos muitos conceitos atribuídos à leitura há aqueles que apontam elementos importantes no ato de ler: interação e construção de significados. Identifiquei-me com o conceito de Geraldi (1997) o qual sustenta “que o processo de leitura é o ponto de encontro entre o autor (ausente) e o leitor ativo. Este reconstrói o texto produzido por aquele e atribui significados conforme seu entendimento e sua visão de mundo, ou seja, conforme sua “maturidade” de leitor”. Fui amadurecendo e passei da leitura para a escrita. Rabisquei alguns poemas e não dando ouvidos ao meu orientador “nunca publique seus primeiros poemas”, acabei publicando o livro “Inspirações” em 2001, cujo poema abre esse relato. Compreendendo a importância da leitura “sobre o que historicamente está posto”, como diz Suassuna (2003) e ampliando este sentido para os enormes benefícios que essa prática proporciona aos que dela fazem uso, já que pode proporcionar ao mesmo tempo prazer, entretenimento e informação, comecei a escrever e a fazer outros escreverem. Assim, publiquei o livro Inspirações (2001), uma coletânea de poema reunidos, escritos a partir das experiências minhas e dos outros, dentre os quais apresento:

“ Fartura”
Carlos Paiva
Eta fartura, meu Deus!

É de janeiro a janeiro
Vivendo a judiação
Tanta fartura na mesa
Farta arroz, farta feijão.

Farta o café da manhã
Farta açúcar e farta pão
Farta o leite da criança
Pro gado farta a ração.

Eta fartança, meu Deus!

Não dá nem pra reclamar
Pois farta força na voz…

Farta remédio pro guri
Farta teto e farta chão
Também farta respeito
Com o povo desta nação.

Farta amor e amizade
Também farta compaixão
Farta aprender fazer conta
Saber fazer divisão.

Dá medo o preço do gás,
Tem que correr pro carvão
Até energia farta
A prova é o “apagão”.

Farta o fraco ficar forte
Pra agüentar o rojão
Farta o Sul ligar pro Norte
Farta viver como irmão.

Farta chover no nordeste
Farta molhar o sertão
Farta respeitar o índio
Farta aprender pedir perdão.

Farta rezar pro pai-nosso
Pra receber a bênção
Farta sorrir de verdade
Pra alegrar o coração.

Também farta encher a pança
Pra poder mexer a mão
Farta o mínimo virar máximo
Pra superar a inflação.

Farta mesmo é ter coragem
Pra gritar e dizer não!
Farta vergonha na cara
No dia da eleição.

Eta país farto, meu Deus!
Tanta fartura…
Farta tudo!
Só não farta corrupção.

O povo está farto disso!

(PAIVA, Carlos. In Inspirações. Gráfica Brasil:2001, p.33-35)

Em 2002 organizei o livro Contando na Escola, livro de contos estudantis, resultado de um trabalho desenvolvido em sala de aula com os alunos do ensino médio do Centro Educacional Anchieta a partir da leitura de obras da literatura mundial, cujo objetivo era a valorização da produção textual dos alunos, estimulando-os ao prazer da leitura e da escrita, bem como para que não se perdesse a magia de contar. O projeto contemplava a produção de livros nas outras escolas de ensino médio, mas infelizmente não vingou.

Em 2004, organizei a publicação da “I Antologia Poética de Itaituba – Versos de Ouro”, uma antologia de
textos de dez escritores itaitubenses. Desta obra apresento:

AMAZÔNIA

Carlos Paiva

É Amazônia…

Só quem vê o verde de tuas matas
de teus rios
das copas de tuas árvores
balançando ao sabor do vento

Só quem enfrenta a fúria da pororoca
quem sente o cheiro da floresta
da castanheira
da seringueira
da palmeira do babaçu

Só quem sobrevoa tua imensidão
navega entrecortando os rios
adentrando teus igarapés

come do teu peixe
tucunaré,
tamoatá,
pirarucu

da tua caça
paca
cutia
tatu
tua fruta
açaí
tucumã
cupuaçu

É Amazônia…

Só quem vive tudo isso
Pode te compreender
Pode ouvir os teus ais
Pode contigo sofrer

Quem vê tuas palafitas flutuando
teus curumins remando
tuas cunhãs brincando
teus barcos a deslizar
em companhia dos botos encantados
e que encantam as tardes do rio-mar
e de outros rios…

Só quem sobe nos açaizeiros
fala da Boiúna
Mãe d’água
do Curupira
Mapinguari
Só quem namora tuas belas morenas
corre atrás do beija-flor,
da borboleta,
da jaçanã

quem busca a cura em tuas ervas
no óleo da andiroba
da copaíba
do jatobá
Eh! D. Flora…

É Amazônia…

Só quem te ama

pode te compreender.

Em 2012 fundei o Clube Asas da Leitura como estratégia motivacional para incentivar o exercício da leitura e da produção textual oral e escrita por meio da prática dos gêneros textuais. O Clube (ainda) funciona física e virtualmente. Expandiu suas ações de leitura e escrita a todas as escolas públicas municipais e, em 2013, o Clube publicou a I Antologia de textos: ao encontro dos gêneros (org.). Os livros foram distribuídos gratuitamente a todas as instituições de ensino de Itaituba. Esta obra é o resultado de uma série de atividades desenvolvidas durante o ano e publicadas no espaço virtual para socialização. O Asas da Leitura contribui com ações de leitura e escrita realizadas nas escolas (e fora delas) por meio de palestras e orientações acerca do ato de ler e escrever, visando a potencializar todos os benefícios que a leitura pode oferecer às pessoas. Desta obra apresento:

Flanando…
Carlos Paiva
Adeus, Itaituba!
Terra de pedra miúda
Vou-me embora,
Nunca mais verei…
A Vila Caçula,
Palafitas emergentes.

Adeus, Rio de mercúrio,
Lutador,
Sobrevivente da ambição
Do homem de muitas cores
Que te causou muitas dores
Na busca do precioso metal
Que com a lança cor de prata
Sangrou teu coração…

Adeus! Matriz
A sina dos sinos
Anunciando Santana
Os sons guiando as beatas
Pelas negras ruas da cidade baixa
Que eram antes lamaçais…

Vou-me embora,
Nunca mais ouvirei
O canto da tapajoara
Bela morena, filha de Iara

Que me encantou
Nas praias eventuais
Não, não ouvirei jamais…

Não verei a praça do centenário
A louca da Sonda
O Bonnatu’s bar
O Pássaro preto
Tão indesejado
O boto

A boiuna
E o tracajá.

Em 2014 organizei um dos maiores eventos literários que Itaituba já vira: Feira Panamazônica do livro,
envolvendo praticamente todas as escolas de ensino médio e fundamental. Na oportunidade
homenageamos os escritores locais.

Em 2015, publiquei a II Antologia de textos: ao encontro de gêneros. Desta obra apresento:

Decepção
Carlos Paiva
A folha em branco
Na pressão da mão
A caneta azul
Na pressão dos dedos
O suor na testa
Diante da tensão
Apenas uma palavra
Para início
Ela não vem só
Vem escoltada
Com duas, dez
E riem, brincam
Escondem-se
Confundem-se
E confundem
Desaparecem
São peixes ariscos
No mar de pensamentos
Precisam ser pescadas
O branco do papel
A lividez dos dedos
A transpiração da face
O passar das horas
Ela não vem
A lassa mão
O rosto e o papel molhados
A decepção.

(PAIVA, Carlos. II Antologia de textos: Ao encontro dos gêneros. 2015. p. 57)

Em 2021 publiquei dois livros: Poesias reunidas e III Antologia de textos: ao encontro dos gêneros. O primeiro de minha autoria e o segundo de minha coautoria com a participação de mais quatro escritores de Itaituba e um de Uruará-PA.
De “Poesias Reunidas” apresento:

CIÚME

Ciúme é uma lupa
Que amplia uma suspeita
Quase sempre infundada:

Pulga vira dragão

Anão vira gigante
Grão de areia, montanha
Marola, tsunami
Brisa vira furacão

Pensamentos fertilizam
Brotam e crescem
Na velocidade da luz
Da luz da imaginação

Ciúme é um telescópio
Que estende a visão
Do nada
Ao infinito da suposição

E essa amplitude avassaladora
Vai minando pouco a pouco
Aquele sentimento
Guardado no coração.

Da III Antologia de textos apresento:

ÀS VEZES

Às vezes, meio trovador
E fiel vassalo
Percebo-me cantando
Uma cantiga de amigo
Uma cantiga de amor

Às vezes, meio clássico
Sinto-me racional, equilibrado
Perfeccionista
E, em medida nova,
Escrevo versos
Em soneto

Às vezes, meio barroco
Reflito sobre o paradoxo
De amor e ódio
De vida e morte

E, arcadianamente, às vezes
Uso pseudônimo
Abandono a cidade
Fujo para o campo
Transformo-me em pastor

Às vezes, como um romântico
Me sinto saudoso e
Irracionalmente

Num egoísmo profundo
Perco-me em mim
Num mágico mundo

Às vezes, meio parnasiano,
Fito aquele vaso, não o grego,
Mas o munduruku-tapajoara
Cheio de riscos, de traços
Cuidadosamente elaborados

Às vezes, meio simbolista
Viajo para o mundo dos sonhos
Das cores, do ritmo, da música
Lembro da fina folha que viajava
No veloz Vento

Às vezes, meio modernista
Invento palavras, quebro a rima
E ajo com irreverência
Fico irônico, cômico
Me sinto livre.

Também tenho participações avulsas em outras obras coletâneas e capítulos de livros.

Carlos Paiva

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