Hoje, o sol nasceu mais dourado sobre as telhas coloniais de São Luís. A cidade, de alma mestiça e olhar oceânico, sopra 413 velas na sua história. E não é um sopro qualquer: é brisa que vem do Atlântico misturada ao canto dos azulejos que recobrem as fachadas, testemunhas de séculos de poesia, luta e beleza.
São Luís não é apenas cidade; é palco, livro e sinfonia. Terra que gerou escritores imortais, como Gonçalves Dias, Aluísio Azevedo e meu patrono, o genial Artur Azevedo, cuja pena se fez riso, crítica e encanto nos palcos do Brasil. Cada rua do centro histórico parece carregar versos guardados, cada praça parece um livro aberto, cada esquina é um convite à memória.
Não à toa, foi coroada com o título de Atenas Brasileira: berço de uma cultura vasta, onde a literatura, a música, o teatro e a oralidade se entrelaçam como fios de uma tapeçaria luminosa. Quem pisa no chão de São Luís pisa também sobre a herança de intelectuais que fizeram da palavra uma arma de eternidade.
Hoje, ao celebrar seus 413 anos, São Luís não festeja só o passado: reafirma sua vocação de ser farol cultural, guardiã da identidade e inspiração para gerações que ainda virão. É cidade que ensina que a grandeza não se mede em concreto e arranha-céus, mas no que se semeia na memória coletiva, naquilo que resiste como canto e como arte.
São Luís é porto, é poesia, é palco. E hoje, de pé, celebramos sua história como quem aplaude uma peça grandiosa que não se encerra nunca — porque a Atenas Brasileira segue escrevendo seus próprios capítulos na alma do Brasil.