Membro Vitória Nascimento

Vitória Nascimento

Vitória Nascimento da Silva nasceu em 29 de novembro de 2005, na cidade de Belém do Pará, no Hospital da Santa Casa. Seu nascimento foi marcado por circunstâncias delicadas: diagnosticada com hidrocefalia e mielomeningocele, passou, já no primeiro mês de vida, por cirurgias complexas e desafiadoras. Mais tarde, a vida ainda lhe apresentaria outros diagnósticos — hidronefrose crônica e bexiga neurogênica — que exigiram acompanhamento médico permanente, internações frequentes e adaptação constante em sua rotina.
Apesar de tantas adversidades, Vitória cresceu envolta em amor, fé e dedicação. Filha de pais separados, foi criada por sua mãe, Dayana Alves, e pelos avós, a quem credita boa parte de seu desenvolvimento humano e intelectual. Essa base familiar sólida foi fundamental para que, desde cedo, aprendesse a valorizar a perseverança e a força de espírito.
Ainda na infância, Vitória se revelou uma leitora apaixonada. Os livros eram companheiros constantes, refúgio e fonte de sonhos. Foi nesse contato precoce com a literatura que germinou sua vocação para a escrita. A leitura, inicialmente encantamento e descoberta, rapidamente se transformou em impulso criador, e a jovem passou a registrar no papel, seus primeiros pensamentos, personagens e narrativas.
Vitória iniciou seus estudos na Escola Pequeno Polegar, onde foi alfabetizada, dando os primeiros passos formais na vida acadêmica. Mais tarde, estudou no Colégio Isaac Newton e na Escola Marechal Rondon, instituições que ampliaram suas experiências escolares. Atualmente, cursa o ensino médio no Colégio Paraense de Itaituba.
As pausas necessárias para viagens e tratamentos de saúde impactaram o ritmo de sua vida estudantil, mas nunca diminuíram sua vontade de aprender. Ao contrário: cada desafio escolar foi transformado em combustível para a sua determinação, reafirmando que o conhecimento é uma conquista possível, mesmo diante das adversidades.
Paralelamente à vida escolar, Vitória encontrou na arte e na escrita sua forma de expressão. Atuando também como designer gráfica, ela une técnica e criatividade, utilizando a arte visual como meio de comunicação e identidade.
Como escritora, vem consolidando uma produção literária marcada pela sinceridade, pela emoção e pela coragem de expor sua própria alma. Seus livros não apenas contam histórias, mas revelam um processo de ressignificação de dores, desafios e superações.
Sua obra já reúne títulos que dialogam com diferentes fases de sua vida e sentimentos: Uma Vida de Desafios e Conquistas, A Última Sereia, O Destino das 3 Estrelas, Sombras da Meia-Noite, Amor Entre Luz e Sombra, 14 Anos de Eternidade e Entre Cicatrizes e Sonhos.
Cada título carrega um pedaço de sua história, seja na forma de romance, fantasia ou reflexões sobre sua trajetória. São livros que nasceram de momentos de dor, esperança, sonho e fé, compondo uma obra que é, ao mesmo tempo, literária e autobiográfica.
Para Vitória, a literatura é mais que arte: é ponte, espelho e cura. Ponte entre diferentes realidades, capaz de aproximar pessoas e mundos. Espelho que reflete experiências humanas, permitindo que cada leitor se reconheça em histórias alheias. E cura, porque sua escrita nasce da necessidade de transformar dor em poesia, medo em fé e desafios em inspiração.
Seus livros não se limitam ao entretenimento; são também testemunhos de vida e convites à reflexão, oferecendo aos leitores força e conforto diante de suas próprias batalhas.
Como filha do Pará e residente em Itaituba, Vitória carrega consigo o orgulho de sua terra. A cultura paraense — do carimbó às comidas típicas, das cores vibrantes às tradições orais — está presente em sua identidade e serve de inspiração para sua criação artística. Além disso, a relação íntima com a natureza, os rios, os animais e a vida amazônica compõem o pano de fundo de suas inspirações literárias e pessoais.
Ao ingressar na Academia Itaitubense de Letras, Vitória escolheu como sua patronesse Nélida Piñon (1937–2022), uma das vozes mais importantes da literatura brasileira.
Nélida nasceu no Rio de Janeiro, filha de imigrantes galegos, e construiu uma carreira literária de destaque internacional, transitando entre romance, conto, crônica e ensaio. Obras como A República dos Sonhos, Vozes do Deserto e Filhos da América a consagraram como autora de referência.
Eleita para a Academia Brasileira de Letras em 1989, Nélida Piñon fez história em 1996 ao se tornar a primeira mulher a presidir a ABL, quebrando barreiras e inspirando gerações de escritoras. Reconhecida nacional e internacionalmente, recebeu inúmeros prêmios, como o Príncipe de Astúrias de Letras, deixando um legado inestimável.
Ao escolher Nélida como patronesse, Vitória reafirma não apenas sua admiração pessoal, mas também seu compromisso com a valorização da força feminina na literatura e com a defesa de uma escrita plural, transformadora e corajosa.
Vitória Nascimento ingressa na Academia Itaitubense de Letras em 2025, com apenas 19 anos, tornando-se uma das vozes mais jovens a ocupar uma cadeira nesta Casa.
Sua chegada simboliza renovação e continuidade: renovação, porque traz frescor, juventude e novas perspectivas; continuidade, porque se une ao legado de escritores e intelectuais que, desde a fundação da AIL, mantêm viva a chama da cultura e da literatura em Itaituba e no Pará.
Consciente da responsabilidade que lhe cabe, Vitória assume o compromisso de contribuir com seu trabalho, suas ideias e sua produção literária para o fortalecimento da Academia. Sua missão é honrar os, que vieram antes, ao mesmo tempo, em que inspira os que virão depois.
Vitória Nascimento da Silva é exemplo de superação, sensibilidade e dedicação à arte. Sua trajetória de vida, marcada por lutas e conquistas, ecoa em sua obra e em seu compromisso cultural.
Como escritora, acredita no poder da palavra para transformar, acolher e libertar. Como acadêmica, compromete-se a ser voz ativa na preservação e na promoção da cultura Itaitubense e paraense.
A Academia Itaitubense de Letras orgulha-se em tê-la entre seus membros e em testemunhar o início de uma carreira literária promissora, que certamente deixará marcas profundas no cenário cultural da região e do país.