Se a sua luz é forte, e o fulgor
Causa sombra ou espanto em quem te vê,
Não há razão para a diminuir a cor,
Nem forjar um eclipse em teu ser.
Não se curve ao pedido mudo ou dito
De se apagar, de se fazer menor.
Se o seu sol no céu já está prescrito,
Por que se esconder no arrebol?
Pois a medida alheia do receio
Não deve ser a régua do seu valor.
Se o medo do outro é que te deixa em meio,
Apenas aumente, sem pudor, o seu calor!
Deixe que o brilho seja a sua verdade crua,
Sem filtros, sem receios, sem disfarce.
Brilhe por si, da terra até à lua,
Que a sua luz própria no mundo se abrace!
E se alguém se queimar, que aprenda a olhar
Para o sol sem tremer, sem desvanecer.
Você, por sua vez, só precisa lembrar:
É o farol que ilumina o seu próprio ser.
Portanto, em vez de o brilho ofuscante evitar,
Erga a cabeça, respire e vá além:
Aumente o fogo, deixe-o a labaredar,
E brilhe ainda mais, para você e para quem faz bem!